Como havíamos escrito num post mais atrás, a partir da terça-feira passada (dia 4) está a decorrer uma exposição de jóias com inscrições em braille. O nosso grupo não podia perder esta oportunidade e dirigimo-nos à Biblioteca.
Deixá-mo-vos aqui as fotografias da exposição e a entrevista que fizemos à designer - Mónica Ramos.
Anel em prata, ametista e zircões "Amor" |
Coração em prata e ouro "Amor" |
Pulseira em prata e ouro "Amor" |
Coração em prata e ouro "Amor" |
Anéis em prata, safiras "Mar" |
Anéis em prata, citrinos "Sol" |
Pingente em prata, safiras d'água e citrinos "Vida Nova" |
(Carregar na imagem para aumentar) "no silêncio estão as mais belas declarações de amor" |
ENTREVISTA
Igualdade na Diferença: Quando descobriu que queria ser designer de jóias?
Designer Mónica Ramos: Desde pequenina, porque os meus pais eram ligados à área. Eles faziam importação de pedras e sempre estive ligada às pedras e às jóias. Desde cedo comecei a fazer colares, na brincadeira, para mim, para oferecer, e em vez de fazer como as minhas amigas que faziam com missangas, fazia com pedras, com prata e com ouro.
ID: Possui formação na área da joalharia?
DMR: Os meus estudos nunca foram ligados a isso, fui para Braga estudar tradução e só no último ano de universidade quando fui estagiar para Madrid dentro do meu curso é que comecei a tirar um curso de joalharia em Madrid. Acabei o curso e, no ano a seguir, abri uma joalharia em Braga e, no ano seguinte, tirei outro curso de joalharia na escola profissional de Gondomar, e foi aí que tudo começou.
ID: Então pode dizer-se que foi mesmo muito cedo que nasceu essa paixão?
DMR: Sim.
ID: Como surgiu esta ideia de criar jóias com inscrições em Braille?
DMR: Uma amiga minha, também cliente, enviou-me um cartão pessoal em que estavam escritos os seus dados pessoais – nome, morada, telefone – e também tinha isso tudo em Braille. Achei muito engraçado e pensei em adaptar o conceito dela às jóias, à minha área, e então comecei a fazer jóias com palavras, com iniciais, com pequenas frases…
ID: Qual foi o objectivo de inserir Braille nas peças?
DMR: Foi com dois propósitos, o primeiro para dar a mostrar uma parte que talvez estava esquecida para os invisuais. Para eles terem algo que lhes diga alguma coisa, o Braille. A outra vertente, foi porque grande parte dos meus clientes não são cegos e assim podem ter uma espécie de mensagem secreta. Se eu fizer um coração com uma palavra em Braille, só quem tiver a peça é que à partida vai saber o significado, podendo assim essa peça dizer muitas coisas para quem a ver.
ID: E o que costuma aparecer inscrito?
DMR: Geralmente são mensagens de amor, é o que as pessoas pedem para pôr nas peças. A maior parte das vezes é a palavra “amor”, ou o nome da pessoa quando são alianças. Na aliança da mulher ponho o nome do homem e na aliança do homem ponho o nome da mulher, ou então palavras carinhosas pelas quais as pessoas se tratam.
ID: Qual a classe que mais costuma comprar?
DMR: Média/alta, são peças de prata, ouro e com pedras, materiais que não são muito baratos. São todas peças únicas, rondam os 100€.
ID: Dentro deste tipo de peças, quais são as mais baratas?
DMR: As alianças, que são as peças mais vendidas, alianças grossas em prata que têm o nome gravado em zircões, custam 90€. O preço vai depender do tempo que demoro a fazer a peça, o grau de dificuldade da mesma, se tem os *granitos em prata, em ouro ou em pedras. Vai depender de quase tudo.
ID: Como surgiu a ideia de fazer esta exposição e qual o significado para si?
DMR: A exposição foi a Câmara Municipal de Viana do Castelo que me convidou para fazer neste dia, que é o dia mundial do Braille, com o objectivo de chamar à atenção do público em geral. Foi tudo uma conjugação.
ID: Tem mais exposições agendadas?
DMR: Não, há duas semanas tive uma a convite da ACAPO, agora tenho esta. É tudo por convites. Nunca procurei por nada e é tudo muito rápido, telefonam-me a perguntar se pode ser amanhã, organizo tudo e a exposição realiza-se.
ID: Com a crise económica que está a afectar Portugal actualmente, a sua loja é um negócio rentável?
DMR: Não, mas dá para viver e pagar as contas. E, enquanto for isso, para uma pessoa que estiver no desemprego já é bom.
ID: Tem clientes com esta deficiência?
DMR: Tenho, a maioria não são cegos, mas tenho muitos cegos. Geralmente, quando cegos fazem anos ou casam, pessoas amigas dirigem-se à loja e pedem para fazer peças de propósito. Ainda é uma parte grande dos meus clientes, não digo metade, mas uma parte considerável.
ID: Então, desde que este projecto surgiu o seu público aumentou…
DMR: Sim, claro. Comecei a fazer as peças, foi divulgado e as vendas de peças em Braille dispararam.
ID: Como é que divulgou este projecto?
DMR: Eu nunca divulguei nada, sinceramente. Tive sorte porque os meios de comunicação chamaram à atenção e, depois, basta a notícia sair num sítio, que os outros sítios também a querem ter. Já fui a muitos canais de televisão, já saiu em quase todos os jornais, mas geralmente isso não acontece assim. Uma pessoa lança uma colecção e, normalmente, vai bater à porta a pedir para lançar certa publicidade, para ser notícia, mas eu nunca tive necessidade de fazer isso. Tive a sorte de uma pessoa vir e gostar e funcionou um bocado como “passa a palavra”. Tive sorte, mesmo.
ID: E agora uma pequena curiosidade, o seu blogue chama-se DaTerra Jóias, porquê?
DMR: É o nome da loja, o nome da minha marca que está registada. Da Terra, porque é de onde todos os materiais com que trabalho vêm, o ouro, a prata, as pedras.
Gostámos muito da exposição e de entrevistar a designer.
Foi a nossa primeira entrevista pelo que estávamos um pouco nervosas, mas correu bem. A designer pôs-nos logo à vontade, pelo que achamos que foi crucial para o seu sucesso.
Foi a nossa primeira entrevista pelo que estávamos um pouco nervosas, mas correu bem. A designer pôs-nos logo à vontade, pelo que achamos que foi crucial para o seu sucesso.
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